Geografia para Quem?

Geografia para Quem?
29/05/2017


     Durante todo o ano de 2016 e início do ano de 2017 diferentes debates e ações se realizaram pelos “corredores” da Geografia em Mato Grosso problematizando a atual conjuntura política, econômica e social do país.

     Muitos estudantes, professores e geógrafos que atuam nas mais diferentes instituições vivenciaram e vivenciam profundamente o atual processo de reestruturação do Capital e aprofundamento do neoliberalismo no Brasil.

     Experiências que vão desde as ocupações das escolas e universidades como enfrentamento aos projetos de radicalização da privatização e perda da qualidade e do direito ao acesso à educação; embates nos processos de reestruturações curriculares e re-regulamentações nas escolas e universidades que ampliam cada vez mais o controle sobre a produção acadêmica e cerceiam o pensamento liberto e a prática educativa criativa; implantações de novas (velhas) políticas, programas e legislações ambientais que dissociam (e flexibilizam) as relações entre as diferentes possibilidades de manutenção da natureza, sua exploração e o acesso à terra para a produção de alimentos evidenciando o caráter rentista da terra e a produção ampliada de valoração da natureza; aprofundamento e ampliação da violência no campo frente aos grandes projetos de reestruturação do capital (seja no setor de energia, mineração ou agropecuário) que cada vez mais expropriam os pobres no campo; enraizamento da especulação imobiliária nos diferentes projetos habitacionais e enfim a perda de direitos sociais no que diz respeito à saúde, educação e o trabalho...

     Todas estas relações sociais envolvidas produzem processos de espacialização que aprofundam a desigualdade e ao mesmo tempo processos que reclamam a apropriação espacial como condição necessária para a realização de outras possibilidades de trabalho e vida.


     Frente a este quadro um grito não pode ser calado: Geografia para quem?


     Preocupar-se com o processo de formação do Geógrafo e sua utilidade (ou finalidade, ou fim da Geografia) ampliam-se frente ao questionamento dos rumos sociais e humanos da produção geográfica concreta (dos espaços produzidos e não apenas das análises sobre os processos de espacialização).

     Esta é a tônica deste dia do Geógrafo, que nasce junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (29/05/1936) fortalecendo sua aliança como profissional do Estado, mas alcança a possibilidade de questionar-se como homem de Estado e situar-se no debate sobre para quem, ou melhor, para qual o projeto de humanidade a Geografia tem contribuído em seu estabelecimento. Neste sentido reitera-se uma questão fundamental: fomos capazes de discutir criticamente a Geografia produzida no Brasil e transformar a Geografia do Estado

Nação em uma Geografia que reconheça a luta de classes e questione a produção desigual do espaço? O que permanece e o que se modifica em sua relação com o Estado, com o Mercado e com a Sociedade desde a consolidação da Geografia como ciência disciplinar?

Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Cuiabá, Maio de 2017 

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